domingo, 10 de junho de 2012

MOSCOU

(Gente, tentei arrumar no PICASA as fotos que estão de lado. A emenda ficou pior que o soneto. As fotos ficaram achatadas. Deixarei as que "arrumei" para que vocês vejam o efeito desastroso e entendam que é melhor olhar " de ladinho" do que deformadas. Claro que girei as fotos quando as editei, mas ao postar, as danadinhas ficam de lado. hehehehe)



Por precaução, preferimos apanhar um táxi do hotel ao aeroporto.  Além do mais, é sempre um desconforto andar com mala em ônibus. Saímos de Berlin às 12 horas.
Chegamos a Moscou no horário previsto. Passar pela imigração foi super tranquilo. Apenas apresentei o passaporte e a madame lá com a cara de TPM consultou seu terminal e perguntou de onde eu vinha – Berlin. Pronto. Já me deu aquela ficha de imigração preenchida, toda informatizada. Fiquei até espantada com a rapidez do processo. Só ao passar pelo raio X, o Boris lá estava passando todo mundo, mas ao nos ver, com nossos perfis nórdicos, mandou que colocássemos as malas no raio X. Só de sacanagem mesmo, pra nos ver tirar do carrinho e colocar de novo, só pode.
Saímos rápido, antes da hora marcada com a empresa para que o motorista estivesse no saguão à nossa espera. Aproveitei para ir ao toillet e logo em seguida fazer o câmbio, já que aqui a moeda aceita é o rublo, mas, a gente sabe, os guias cobram em euros!

Como eu havia deixado separados 400 euros para trocar por rublos, imaginem o meu espanto quando procurei no bolso e a bolsinha com o dinheiro havia sumido. Imediatamente deduzi que havia caído no toillet. Corri lá. A mocinha que cuidava do toillet, ao me ver, correu pra mim e me levou ao Box que eu havia usado. Estava fechado à chave. Ela abriu e a bolsinha ela havia encontrado, estava colocada sobre a tampa do vaso. Ela ficou à minha espera. Nossa, fiquei surpresa! Também pudera. Tudo é vigiado. Mil câmeras. Foi um certo alívio haver encontrado a bolsa com os 400 euros e , por outro lado, fiquei sem graça. Não sabia se recompensava à funcionária ou simplesmente agradecesse.  Foi o que fiz. Entendi que era parte do serviço dela e preferi não incorrer em uma possível corrupção ativa, sei lá como entenderiam. De qualquer forma, fiquei deveras agradecida à funcionária.

Voltamos ao saguão onde o motorista já deveria estar à nossa espera, como de fato estava. Levamos um susto. O Boris lá que na verdade se chamava Dimitri, de bermuda, exibindo canelas  brancas que só lagartixas e num cheiro de vodca, que seria bem perigoso acender um fósforo perto dele.
O Boris , ops, Dimitri não falava inglês, mas já tinha o endereço do nosso hotel e eu  desisti que puxar conversa. Havia chovido um pouco e ao sairmos do aeroporto enfrentamos lagoas e mais lagoas até chegarmos ao carro. Há obras por todo estacionamento e fica meio caótico transitar no meio de tanta gente  que viaja com tanta tralha, com caixas eeeeeenormes! Senti até que minha mala estava mais para mala de bordo. Hahahaha

Do aeroporto até o hotel foram 45 minutos no  pau! O povo aqui dirige no pau! Ninguém atravessa uma avenida. Tem que procurar uma passagem subterrânea. Só carros de marcas estrangeiras. Concessionárias pra todo lado. De carro russo só mesmo o velho e terrível Lada. O povo quer mesmo é descontar as dezenas de anos a pão e água, sem luxo. Agora, salve-se quem puder! Lojas de grifes, fast food, carros europeus, japoneses, tudo, menos russos.

Surpresa! Todo mundo anda chique. Moda? Cada um faz sua moda. A moda em Moscou é o usar o que vier à cabeça. Use o que você tiver. Ninguém vai se importar mesmo.
Chegamos com um tempo chuvoso, meio frio, bem clima que esperávamos.
O Boris, ops, Dimitri fez quase que uma tour na vinda do aeroporto. Imaginem meu grito quando passamos ao lado da Igreja de São Basílio, aquela toda colorida, que parece um bolo confeitado, o muro do Kremlin, e fui identificando os pontos mais conhecidos de Moscou.
Observei que nosso hotel estava relativamente perto do Kremlin. Razão pela qual o escolhi, mas não imaginei que fosse tão mais perto do que eu havia calculado. Uma caminhada de 8 minutos e estaremos diante do Kremlin.
Fizemos o check in, descobrimos onde havia um mercadinho, comprinhas básicas, lanchinho na cozinha do hotel, banho e cama! Estávamos enfadados!

Ah, o hotel é simples, um labirinto, mas funcional e , para os preços de Moscou, está razoável. Tudo limpo e pessoal até simpático e prestativo. Fomos recebidos pela Olga (diga Olllllllllga, com o l bem com a língua no céu da boca). que sabe dizer obrigado, nada, tá bom, bom dia,  tudo em português!

Olga ficou super admirada que eu conheça e goste do cantor russo VITAS. Só para que tenham uma ideia sobre o russinho. A voz dele humilha qualquer um, Fantático!


http://www.youtube.com/watch?v=ygJYxMP_ICY


http://www.youtube.com/watch?v=aKQ93v5NESw&feature=related

Ah, o dia da Vitória será comemorado amanhã. Feriado nacional, ao contrário do restante da Europa que celebra dia 8 de maio – menos a Alemanha, que nada comemora. Aliás, a Alemanha faz cara de paisagem nessa data.

DIA 9 DE MAIO
Estamos aqui despinguelados. 7 horas de diferença no fuso. Estou morrendo de sono. Saímos cedo para ir ao Kremlin que é mais perto do que imaginei. Uns 5 minutos andando no passinho de urubu malandro. Só que há uma quadra do nosso objetivo... todas as ruas de acesso ao Kremlin estão fechadas por causa do desfile militar. Ontem, 8 de maio, toda Europa comemorou o DIA D, a invasão da Normandia, então é tudo fechado, FERIADO mesmo! Na França então... Toda Europa, menos a Alemanha! Quando estávamos saindo do hotel em Berlim, notei que as lojas em frente estavam abertas e perguntei à recepcionista. Ela confirmou minha suspeita que não seria feriado na Alemanha. Aliás, ela nem sabia que era feriado no restante da Europa. Entretanto, pelo visto, a Rússia comemora hoje, dia 9. Será que a notícia demorou um dia para chegar aqui?
Outra coisa que observei aqui - o patriotismo. Bandeiras para todos os lados, nos carros, nas pessoas...
Falei do desfile... de repente, uma revoada de helicóptros todos com uma bandeira enorme dependurada na parte de baixo. Gente, e os tancões que passaram por nós: os foguetes enoooormes... Que Mêeeeeeda!!!






Decididamente, os russos não gostam de dar informações ou têm preguiça. O fato de não ter nada escrito em inglês está me dando nos nervos. Nem sei por onde começar.

Demos um tempo para terminar o desfile e voltamos.  Deu certo. Conseguimos nos misturar aos moscovitas - geeeeeeente pra dedéu - passamos por umas 5 barreiras eletrônicas e entramos na  Praça Vermelha. Imaginem que coisa mais sem graça seria vir aqui e não ir lá, ainda mais hoje, que é feriado nacional e todo mundo na rua portando bandeiras e muita, mas muita gente com rosas, cravos, tulipas... homens, mulheres, crianças com flores. Achei que era para depositar em algum monumento (em parte era), mas eles dão às pessoas de mais idade, homens ou mulheres, que são cultuados como heróis. Eles ostentam suas medalhas com orgulho e recebem muitas flores. Os jovens os procuram para tirar fotos juntos e nós também tiramos fotos  com alguns - foram bem simpáticos quando dizíamos que somos do Brasil. Até inchavam o peito para ficarem bem nas fotos... hehehehe



Entra-se na Praça Vermelha pelo Portão da Ressurreição,composto por duas torres gêmeas, restauradas em 1995.



Primeira visão da Praça Vermelha.


Catedral de Kazan, já dentro da Praça Vermelha



Museu da História da Rússia, ao fundo.













  Muitos militares, na grande maioria jovens, que haviam participado dos desfiles estavam por ali com familiares, namoradas. Alguns fumando e bebendo, fardados! Cadê a disciplina soviética? Fiquei super espantada com a “permissividade” dos milicos russos. Viva a liberdade, né?

Aaaaaah, finalmente fotos na catedral de São Basílio, aquela que parece um bolo confeitado. Pena que estivesse fechada. Por lá encontramos um polaco, um bombeiro e fez amizade e ficamos conversando  um tempão. Os polacos são mais amigáveis.















Em frente a Catedral de São Basílio (St. Basil's Cathedral – Pokrovski Cathedral) há o Monumento aos Heróis – ele mostra dois heróis populares Kuzma Minin e Príncipe Dmitry Pozharsky, os quais salvaram a cidade de uma invasão de tropas polonesas do impostor Dmitry II (o falso), em 1612.





Polaco amigável

 




Agora, quem fez sucesso mesmo foi meu pau...ops... meu extensor para câmera.As pessoas olhavam curiosas, riam, chegavam mais perto pra ver  e até pediam para ser fotografadas.
Gente, em matéria de MODA é só ir na Praça Vermelha. Vc vê de tuuuuuuudo!



  Até "cofrinho russo".



 A turma da velha guarda que AINDA idolatra Stalin


Vê-se até os russos se refastelando no McDonald e outras empresas de fast food americanas. Stalin, Lênin e essa turma toda devem se revirar em seus túmulos! E não só isso. Toda sorte de produtos americanos, ingleses, tudo que é capitalista que os russos descobriram que é bom pra cacete! Todo mundo dependurado em seus celulares, Ipad, Ipod e todos os AIS. Câmeras fotográficas e tênis de todas as marcas. Ai, Stálin, que um luxuzinho é bom, é sim.
E assim ficamos por lá curtindo o feriado com a russaiada. Voltamos ao hotel já bem tarde, mortos de cansados.



 Essa aí fica apanhando as moedas que o povo joga numa espécie de "fonte dos desejos", só  que é uma placa no chão. O bom é que ela passa o dia ai e só vaí embora tarde da noite. E mais - tenta convencê-lo fazer um pedido e  jogar moeda. É a boba!

Uma passadinha básica no mercadinho ao lado, onde se pode encontrar tudo de bom e do melhor para comer e beber. Eu queria o tal do caviar. Ô, coisinha salgada. Nada  bom para minha pressão. Foi pro lixo! Agora aquele queijinho que parece um requeijão cremoso, hummmm!
O bom do hotel é que podemos usar a cozinha e preparamos o nosso lanchinho da noite, pois havíamos almoçado  em um restaurante italiano, self service, com carne e tudo  mais, em frente ao Kremlin.

Dia 10 de maio – nosso primeiro programa foi mudar de apartamento. O que estávamos era muito barulhento. Realmente não dava e pedi para trocar. Em seguida, para compensar o Carlos, fomos ao Parque da  Vitória (Parque Pobedi), bem distante do hotel, e para isso não arriscamos ir de metrô. Pedimos um táxi, com preço fixo – 500 rublos. Realmente o parque fica bem distante. Enorme, como tudo aqui na Rússia. 


No fundo do parque há uma alta coluna com a versão russa da Vitória – Niké (pronuncia-se Nikê), depois de um jardim também enorme e cheio de tulipas e fontes com granito, tendo na sua base um São Jorge bem estilizado. 








Esse o dragão, que representa a Alemanha nazista, está com a cabeça cortada, seccionado em alguns pedaços onde se vê várias suásticas. Confesso que foi a primeira vez que vi o dragão de São Jorge feito picadinho, literalmente, e mesmo de longe eu comentei com o Carlos que aquele dragão só poderia representar a Alemanha nazista. Tiro e queda!

Aliás, aqui tudo representa a vitória da Rússia sobre a Alemanha. E a gente sabe que, na verdade, se não fosse pelo General Inverno, a Rússia teria ficado no sal por muito mais tempo. Foi assim também na época do baixinho Napoleão. Foi outro vencido pelo General Inverno.
Atrás da coluna de Niké, há um grande e semi circular prédio, magnífico. É o museu.
Engraçado. Sabiam que os russos não falam de Segunda Guerra? Eles a chamam de Grande Guerra Patriótica.
Paga-se 100 rublos pelo ingresso e a vistoria de forma precária é feita por senhoras que adorariam ter um tricô à mão. Outra, mais simpática, dá uma olhada no ingresso e o devolve como souvenir, indicando por onde começar a visita e daí em diante você se vira.
Já começa por salões enormes com fardas dos militares que lutaram na Segunda Guerra, até pertences pessoais. Nos corredores dos lados, algo que não vi nos demais museus – dioramas (?). Você entra e dá de cara com um painel pintado na parede, enorme e junto muitos tanques, granadas, trincheiras, um cenário de guerra quase em 3 D, usando material de guerra mesmo. Há até carros, armas... é como se você estivesse mesmo no cenário da guerra. É bem interessante o processo. Depois de ver tudo no subsolo, há no meio, o hall da tristeza e saudade possui 26 mil lágrimas de cristal suspensas, que simbolizam os 26 milhões de soviéticos mortos na guerra. Pense em algo realmente bonito, de bom gosto, com uma iluminação perfeita que o leva à meditação. Está ali. Gostei!















Agora a vez do hall de entrada. OOOOOOPSSSSSSSSSSSS! Quê que é isso? Um luxo só. É o Hall da Fama. A decoração do Hall da Fama, é de folhas de carvalho e o espaço é utilizado para formatura de militares. Os lustres, o mármore, os painéis coloridos, a escada e aquela redoma com a espada da vitória? Baaaaaaaaabei na espada da vitória, embora seja impossível alguém usá-la de tão grande que é. Mesmo assim eu babei. Pena que haja muito reflexo e tenho certeza que a as fotos não ficaram boas.




 Agora sim. Os corredores laterais são galerias com artefatos de guerra, tanques, armas, painéis retratando os horrores da guerra, até a mesa redonda simbolizando o tratado que impôs as sanções à Alemanha, ao final da guerra, com as bandeiras dos Estados Unidos, Inglaterra e Rússia.




O grande salão do centro, redondo, abre-se com uma porta fora de série e no meio do salão uma enorme estátua de um homem, braço direito levantado empunhando seu capacete no qual está o ramo da vitória, um ramo de carvalho. Salão branco com uma enorme coroa de carvalho esculpida em dourado acima de nome de heróis, onde foram esquecidos aqueles que foram usados como bucha de canhão pelo seu próprio povo. Com certeza estão ali os nomes dos engalonados que nunca saíram do conforto de seus gabinetes, nem sujaram suas botas na lama de uma trincheira. Aqueles que não sentiram o frio cortante das estepes. Esses são os heróis que a História registra, pois os registros são feitos por aqueles que ouviram falar.







Sejamos justos – em tudo que vimos só há mostras de situações em que a Rússia estava como vencedora. Ninguém fala dos civis que eram mandados à frente dos combates para que fossem mortos pelos alemães e com isso a munição do inimigo fosse gasta e só então o exército russo atacava os alemães. Ninguém fala disso. É fato esquecido. Cada lado mostra sempre tudo correndo a seu favor. Todo mundo é herói. Ninguém teve sua parcela de bandido. É a História contada pelo homem. Nesse museu ninguém mostrou os horrores que o povo russo passou durante a ocupação alemã. Agora só importa a glória.

Saímos do museu assim – meio neutros. A grande batalha estava por vir. É que havíamos decidido voltar de metrô. 56 rublos para nós dois, contra os 500 de táxi (13 euros). Hahahaha. Ainda bem que era só uma linha na estação Pobedi, mas não havia indicação da direção da linha em inglês ou mesmo em alfabeto ocidental. O jeito foi perguntar a uma moça passageira. Não, adianta  perguntar aos funcionários do metrô que, agora caiu a ficha – eram só mulheres. Todas mal humoradas. Todo mundo com TPM e outras com TPM permanente, de tão rabujentas. Ninguém responde. Apenas mexem os ombros num sinal de não sei, nem te ligo, e eu com isso? Sem noção, essas empregadas. Na verdade, nem olham pra você.
Corremos para o primeiro trem que passou na direção informada por aquela boa alma. Sorte nossa que peguei uma revista com o mapa do metro e mostrei a ela a direção que queríamos.
E agora, como faríamos para descer na estação certa? Fiquei de olho na indicação eletrônica e havia contado as estações. Pois não é que descemos na estação correta? Mas, pra que lado sair? Uni –tu – ni-tê, né? Saímos para o boulevar Arbat. E agora, a que altura estávamos? Liguei meu tomtom , puxei um mapinha peba do Google que eu havia impresso com o endereço do hotel e...pimba! a rua Nikita está à nossa esquerda. Acertamos! Uhhhuuuuuu. Logo chegamos ao hotel.
Agora quero ir ao Kremlin fotografar à noite e o Carlos reclama de dor no joelho. Vou besuntar o joelho dele  de óleo para massagem  incrementado com cânfora. Ele não terá desculpa para não ir.

Agora só faltava essa – sem wireless no hotel.

Finalmente o mano tomou coragem e foi comigo à Praça Vermelha onde fotografei à noite. Esperamos até escurecer de verdade, isso foi às 23 horas.


A Catedral de São Basílio
A Catedral de São Basílio, é uma catedral ortodoxa russa erguida na Praça Vermelha em Moscou, Rússia, entre 1555 e 1561. Construída sob a ordem de Ivã IV da Rússia, para comemorar a captura de Kazan e Astrakhan, marca o centro geométrico da cidade e o centro do seu crescimento, desde o século XIV. Foi o edifício mais alto de Moscou até a conclusão do Campanário de Ivã, o Grande, em 1600.
O edifício original, conhecido como "Igreja da Trindade" e depois de "Catedral da Trindade", continha oito igrejas laterais dispostas ao redor do edifício central; a décima igreja foi erguida em 1588 sobre o túmulo do santo venerado local Vasily (Basílio). Nos séculos XVI e XVII a catedral, considerada o símbolo terreno da "Cidade Celestial", era popularmente conhecida como "Jerusalém" e serviu como uma alegoria ao Templo de Jerusalém no desfile de Domingo de Ramos com a presença do Patriarca de Moscou e do czar. oi projetada de tal maneira que seu traço arquitetônico fosse uma figuração da Nova Jerusalém, o Reino Celestial descrito no Livro das Revelações de São João, o Divino.
O projeto do edifício, em forma de chama de uma fogueira subindo ao céu, não tem análogos no domínio da arquitetura russa: "É como nenhum outro edifício russo. Nada semelhante pode ser encontrado no milênio inteiro da tradição bizantina, do século V ao XV ... um estranhamento que surpreende pela sua imprevisibilidade, complexidade e beleza." A catedral antecipou o clímax da arquitetura nacional da Rússia no século XVII.
A catedral tem operado como uma divisão do Museu Histórico do Estado desde 1928. Foi completamente secularizada em 1929 e, em 2010, continuou a ser uma propriedade federal da Federação Russa. A catedral é parte do Kremlin e da Praça Vermelha, Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1990.
A lenda fala que o Czar Ivan deixou cego o arquiteto Postnik Yakovlev, para evitar que construísse uma construção mais magnífica para mais alguém.” Wikipedia
O templo, originalmente conhecido como Igreja da Trindade, foi consagrado em 12 de julho de 1561 e em seguida elevado à categoria de “sobor” (basílica, ou, menos corretamente, catedral), São nove santuários, um para cada santo dos dias da batalha. Foi projetada de tal maneira que seu traço arquitetônico fosse uma figuração da Nova Jerusalém, o Reino Celestial descrito no Livro das Revelações de São João, o Divino. Com certeza é um dos edifícios mais conhecidos da Rússia." Wikipedia

Pode-se dizer mesmo que é  o principal cartão postal soviético. Eu, particularmente, a chamo de Bolo Confeitado. Ir a Moscou e não tirar uma foto diante essa igreja é não ter ido a Moscou. Peninha que estivesse fechada.







Esse é o GUM, shopping chiquetéeerrimo, com suas lojas caríssimas. Do outro lado da praça o Stalin, em seu mausoléu, deve morrer de raiva. Doce vingança do capitalismo!






Dia 11 de maio – Carlos amanheceu poooodre de gripe, com febre e dor no corpo. Nem conseguiu se levantar. Deixei-o no hotel e fui ao Kremlin.
Kremlin significa fortaleza e há várias na Rússia, mas  hoje Kremlin passou a ter a conotação de palácio do governo russo.
Estava acontecendo uma pequena parada militar. Acho que acontece todos os dias. 

Achei engraçado as oficiais militares  usarem um tipo de pompom no cabelo, num penteado de coque com pompom branco que não combina com nada. Como já escrevi antes, aqui a moda é não combinar nada com nada.

Localizei o guichê de venda dos tickets de entrada para os museus do Kremlin, mas no momento só vendiam a visita para as igrejas que, na verdade, são os museus. Se você quer ir à Armeria, aí, meu bem, tem que saber os horários de visitas e só vendem o ingresso a 45 minutos do horário marcado e custa 700 rublos.
Bom, comprei o ingresso para os museus – leia-se: igrejas, e lá fui acompanhando tropas de indianos, de chinas, japas e tudo mais. Como eles estavam com guia, fui de papagaio de pirata. Pescava uma coisa aqui, outra ali, juntava com as informações que havia lido antes e assim foi. 

A entrada ao Kremlin, para nós, turistas, dá-se pela Torre Trinity, por onde entravam as esposas e filhas dos Czares, além dos patriarcas.


Ao final, eu dei uma de cachorro.  Sabe aquela pergunta – porque o cachorro entra na igreja? Resposta – porque a porta estava aberta. Fiz isso. Entrei em todas portas abertas e outras onde aprendi a identificar em cirílico - ENTRADA. Foi assim que fui parar no palácio do Patriarca, o equivalente ao Papa dos ortodoxos. Gente, nunca vi tanto luxo nas roupas dos Patriarcas, nos evangelhos – livros com capas ornadas de pedras preciosas, pérolas, uma coisa de doido! E os utensílios usados nos rituais ortodoxos? Tudo de ouro e prata. Os ícones de Nossa Senhora são tão enfeitados, tão escola de samba que, sei não...

Enfim, olhem só os nomes das igrejas – Igreja dos Doze Apóstolos (uai, o Judas entrou nessa?), Igreja da Dormição, Igreja da Deposição do Manto da Santa Virgem (1484 -1485)... como assim? Todas pintadas de cima a baixo, de cabo a ....ops...  vocês entenderam. Um exagero de pinturas bem vivas e muuuuito dourado. As imagens são meio assim, como digo, para nossa cultura, meio grotescas. Sem aqueles semblantes finos, delicados, etéreos... Estão mais para cossacos , com todo respeito, quero apenas expressar que tem um perfil mais homem do campo, homem da terra. Hehehe. Bom, faz parte da cultura.

Eu nunca havia visto tantas igrejas juntas por metro quadrado. Algumas delas são tidas como catedrais É uma fartura de igrejas e bem grandes.

Na Catedral do Arcanjo - construída por Lamberti de Montagna de 1505 a 1508 - estão enterrados grandes príncipes, princesas e os primeiros Czares russos, nas capelas funerárias dos Czares e suas famílias, com 46 sarcófagos, entre os que destacam os do Príncipe Vsevolodovic, o Czar Fiodor Ivamovic e  Ivan, o Terrível, retratado por Gerasimov, e nobres da dinastia Romanov














A cúpula central ilustra o dogma central da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. A decoração da fachada é típica do Renascimento Italiano. A imagem principal é A Crucificação com a Virgem e João Evangelista, pintada em madeira pelos iconógrafos Mijail Miliutin e Fiodor Zubov. O ícone do Arcanjo Miguel é o mais antigo da catedral e teria sido pintado em 1399 por Zubov e Zolotarev

A Catedral  da Dormição (???) ou Catedral da Assunção (1484 – 1489) – principal catedral russa, construída em 1479, pelo arquiteto   Aristotle Fioravante, serviu para enterro das autoridades eclesiásticas russas. Nela se cultua São Pedro (um patriarca ortodoxo russo), padroeiro de toda Rússia.
O ícone A assunção da Virgem foi pintada  para  a consagração da igreja, em 1479. A entrada principal se destinava às procissões dos Czares que entravam no templo pelas portas de cobre dourado. Sobre as porta, a imagem da Virgem de Vladimir. No friso arcado estão as figuras de seis santos. Nessa catedral eram celebradas cerimônias e ritos solenes de importância estatal, como casamento de soberanos (Vasil III e Elena Glinskaya, Ivan, o Terrível, e Anastásia Romanova). Ali também se anunciava o nome do sucessor do trono quando o atual completava 10 anos de reinado. Em 1744 a imperatriz Catarina II se converteu a ortodoxia e casou com o futuro Czar, Pedro III.


Há uma lenda de que, no inverno de 1941, quando os nazistas já haviam alcançado a entrada de Moscou, Stalin secretamente ordenou um serviço para ser realizado na Catedral da Dormição para rezar pela salvação do país, dos alemães invasores. Em 1990 a Catedral da Dormição voltou a ser uma igreja, contudo um grande museu ainda se aloja nela.






















Catedral da Anunciação - Foi construída na    Praça das Catedrais                   (praça Sobornaya) pelos arquitetos de Pskov entre 1484 e 1489. O edifício foi erigido sobre o terreno de uma antiga catedral do século XIV do mesmo nome, que havia sido reconstruído em 1416. Inicialmente, a Catedral da Anunciação tinha três cúpulas (duas das quais construídas por volta de 1572). Foram acrescentadas outras, em três das suas fachadas. Entre 1562 e 1564 foram construídas quatro capelas laterais rematadas com cúpulas. 
Por ordem do Czar Mikhail Fiódorovich 150 pintores de ícones decoraram a catedral com afrescos. São 250 composições de tramas   e mais de 2000 figuras separadas. Na abóbada foram pintadas as 12 festas religiosas mais importantes e na parede oeste, por tradição, está a cena do Juízo Final. Esse ícone, em particular, chamou-me a atenção – Jesus vindo julgar Adão e Eva e no meio está a serpente – enoooooorme. Queria entender de arte para melhor compreender essa iconografia.



Igreja dos Doze Apóstolos - ao lado funciona o museu do Patriarca.






Visitar as igrejas tem um segredinho básico. Comece pelas mais simples, (como se fosse possível). Apenas estabeleça prioridades. Deixe a Catedral da Dormição por último. É a mais enfeitada, maior, mais importante. No final, todas são muuuuito enfeitadas, para o nosso conceito de igreja, claro e, confesso, agora que escrevo sobre elas tenho dificuldade em identificá-las por dentro. ainda mais que não pode fotografar. Baseio-me pelos folders que apanhei na entrada de cada uma.

Na frente da Igreja dos Doze Apóstolos (estava fechada) está um enorme canhão, tido como o canhão do Czar (1586) e tem 5,34 metros, pesando 40 toneladas. Ó o tamanho da boca do canhão!








  No meio da calçada está lá um sino sem noção de tamanho – é o sino do Czar. Tudo grande é do Czar! Esse sino foi feito entre 1733 – 1735, mede 6,14 metros de altura por 6,6 de diâmetro e pesa 200 toneladas. Ironia. Esse sino nunca foi usado. Ele simplesmente quebrou e ficou lá na calçada como um trambolho que virou atração turística.







Essa igreja ai, que tem o sino do Ivan,  Grande, (não confundir com o sino do Czar, esse trambolho na calçada), que só toca 3 badaladas em ocasiões especiais, estava fechada.
Vejam o sino bem no meio da igreja, abaixo da torre menor.


Reparei que na Rússia tudo é " O GRANDE". Ivan, Pedro, o sino, o canhão....que mania de grandeza, JISUS! 
Vamos ao que interessa - a foto da igreja. Ou será catedral? Qualquer capela aqui vira catedral.


Bonito mesmo é o jardim em frente às igrejas. Tulipas amarelas, vermelhas, mescladas, cerejeiras em flor...








Interessante foi notar vários agentes de segurança disfarçados pelo espaço entre as igrejas e no jardim... Ficam por lá de bobeira, mas nem disfarçam, afinal, alguns deles estão de terno e ficam com cara de turistas perdidos e os do jardim, informais, com cara de enfado. Não pude deixar de rir. Já não se faz agentes como antigamente. Esses estão mais para Agente 86.


E os "recos" que foram ao shopping? Olhem ai, cada um com uma sacola da loja. Stalin e Lênin devem estar mordendo os rabos, de raiva. Revirando-se em suas tumbas. hahahaha





Li em alguns blogs sobre a dificuldade de se conseguir ingresso para Armaria,  o Palácio do Czar, hoje museu com armas, prataria, presentes, roupas, tronos, carruagens, roupas dos Patriarcas da Igreja ortodoxa, uma parte dedicada às joias (diamantes dos Romanov)...
Bom, confesso que fiquei paranóica com essas dificuldades relatadas , mas, para minha surpresa, foi super tranquilo visitar  a parte dos museus (igrejas) e na hora certa – 13.45 h comprei meu ingresso por 700 rublos tranquilamente depois de 5 minutos na fila. Só demorou mais tempo por conta do povo enrolado que estava na frente.
Falaram que se pagava mais um tantão de rublos para o guia do museu. Não aconteceu nada disso. Entrei sozinha e vi o que eu queria, no meu ritmo, sem ninguém, entrando por uma porta e saindo por outra. Fiz meu tempo, parando onde achava mais interessante e só dando uma espiada no que não chamava muito minha atenção. Mas é verdade que o luxo imperava nas roupas do Czar, nas da Czarina, nas roupas sacerdotais do Patriarca... as jóias, mesmo as mais simples são riquíssimas, (desisti de pagar mais 600 rublos pra ver os diamantes), a coleção de armas, espadas, armaduras, cotas de malha, carruagens, presentes em prata, cristais, os tronos dos governantes, coroas...
 No andar de cima, 5 salões enormes   e luxuosos, cada um com uma cor dominante – vermelho, bege, mostarda, verde e uma cor entre mostarda e verde (cor de russo....hehehehe).
 Ao final, era tanta informação para os meus pobres TICO e TECO que saí trupicando.
Já que estava por ali, mais perto mesmo, aproveitei e fui visitar a Igreja do Cristo Salvador.







“A Catedral de Cristo Salvador é um templo da Igreja Ortodoxa Russa situado na cidade de Moscou. Destacam-se as suas cinco cúpulas douradas.
Esta catedral disputa com a Catedral de São Basílio o título de "principal da cidade de Moscou", pois as principais solenidades da Igreja Ortodoxa Russa, são ali celebradas.
A catedral Cristo Salvador é considerada um ícone do renascimento cristão ortodoxo na Rússia. Ela é um marco na cidade, não apenas por sua grande beleza, mas também por sua história que tem início no século XIX quando, após a vitória do exército russo sobre as forças napoleônicas, o então imperador russo Alexandre I decidiu construir uma catedral em honra de seus soldados mortos.
A catedral foi inaugurada no dia 26 de maio de 1883, com a realização da coroação do imperador Alexandre III." Wikipedia


Durante a vigência do  comunismo a igreja foi dinamitada em 1931 pois ela era considerada um símbolo do     império czarista. Os comunistas tiveram planos de construir no local o "Palácio dos Sovietes" com uma estátua do Lênin no alto de uma torre de 400 metros.  Isso porque eram comunistas, mas o culto ao ego estava nas alturas, né?

Nos  anos 90 , após a queda do regime totalitário, o Patriarca de Moscou liderou um movimento para reconstrução da catedral, conseguindo com o apoio da sociedade e o apoio final do governo pós comunista.  A catedral foi reinaugurada em 2000, idêntica à catedral original, graças ao trabalho dos artistas do Museu Naciona de Artes.


 Dinamitação da catedral em 1931.


” Wikipédia


Essa igreja é uma das mais belas que já visitei. Imponente, grandiosa, impecavelmente limpa, brilha em dourado e ostentação. Lá pude observar centenas de pessoas, homens e mulheres, em fervorosa devoção e me perguntei como as igrejas sobreviveram ao regime comunista e como essas pessoas guardaram dentro de si sua fé. Acredito que fé é isso. Guardar dentro do seu mais íntimo EU, aquela força que o alimenta e fazê-la brotar no momento em que o terreno do seu coração é propício - melhor ainda é fazê-la brotar q cada segundo, em eterno canto de louvor ao maior milagre dos universos - a Vida.






Como é terminantemente proibido fotografar o interior, valho-me das fotos apostas
Fotos do site http://www.ecclesia.com.br/photogalery/moscou_outras_igrejas.html


















Fotos externas






Dia 12 de maio – Não posso sair de Moscou sem ir, pelo menos, na frente do Bolshoi. Foi o que fiz. Perdi de ver um espetáculo. Na sexta feira houve apresentação de A flauta mágica. Só soube à noite, quando acessei ao site do Bolshoi. Viu? Viajando, acesse sempre pra saber o que está rolando na cidade.
Andar no metrô de Moscou não é tão difícil. Depois de pegar a manha, é moleza. Foi o que fizemos. Visitamos 4 estações consideradas bonitas com míseros 56 rublos (menos de 2 euros) para o Carlos e para mim, contra 78 ricos euros que pagaríamos por um guia.
A título de curiosidade, as mais significativas estações do metrô foram concebidas nos anos 30, como palácios para a classe operária, Palácios para a classe operária? Ironia, só pode!
A estação Komsomolskaya é uma das poucas com mezanino.
 

 





Estação Komsomolskaya














Estação Prospekt Mira





Estação Elektrovozadovskaya
Estação Arbatskaya








 
Carlos, como sempre, cansou logo e ficou no hotel, mas eu não poderia ir embora de Moscou sem conhecer uma rua super badalada. Arbat. Sim, sim. Há duas. Uma é o boulevar, toda modernosa, carros a mil por hora, uma zorra e a outra, a antiga, tradicional é uma perpendicular, que começa ali na altura da estação do metro Arbat. Essa que eu queria. É uma rua para pedestres, com muitos restaurantes e gente pra cima e pra baixo, artistas de rua, lojinhas...
Aliás, estranho o que escrevem sobre. Em um blog escreveram que era uma rua decadente, de má fama, cheia de batedores de carteiras, restaurantes duvidosos... Affff!!! Ainda bem que não me deixei intimidar e fui lá sim. Tranquilo. Digo melhor – divertido! Vê-se de tudo e mais um pouco e não tive medo. É claro que você não pode andar como um Zé Mané, de cara pra cima, dando mole para os eventuais batedores de carteira. Mas isso se aplica a qualquer lugar deste planeta.
A verdade é que gostei de passear na rua, de ver detalhes de alguns prédios, das pessoas, dos artistas de rua...
 




 
Ooowwwwww, não vi nada de perigoso, de assalto, de violência que falam por aqui. Me senti tão segura como em qualquer outra cidade (menos Paris, onde o Carlão foi quase vítima de ladras no metrô). Claro que não dá pra ficar de bobeira. Saímos à noite para fotografar na Praça Vermelha e não vimos nada que nos fizesse temer, embora tenhamos voltado a pé para o hotel depois de meia noite.
Voltei ao hotel com o sentimento de que havia cumprido praticamente todo programa para Moscou. Agora era arrumar a mala porque sairíamos de madrugada para o aeroporto.
Choveu a noite toda. Chuva fina e com isso esfriou bastante. Às 5.30 h motorista contratado nos apanhou no hotel e nos levou ao Aeroporto Internacioanl Sheremétyevo, que é mais perto que o outro, o Aeroporto Internacional Domodedovo. Assim, vimos uma parte de Moscou acordando.
Levamos um chá de cadeira no aeroporto e, sacanagem da empresa Air Baltic – na hora do check in fomos informados de que teríamos de pagar pelas malas, pode? Por eles podem – regras da empresa, explicam. E tivemos que morrer em 60 euros, ali, na batata. SACANAGEM! Repito. Sacanagem porque quando comprei a passagem não havia nada a esse respeito.
Passar pelo controle foi mais complicadinho. Uma revista rigorosa e o Carlos sempre sofre porque tem que tirar o raio do cinto e depois para colocar de volta, é uma novela. Entre mortos e feridos, saímos todos salvos e o voo saiu praticamente no horário para Riga. Isso mesmo. Riga, capital da Letônia. Aeroporto relativamente pequeno para a capital de um país com um movimento aéreo intenso.