segunda-feira, 14 de novembro de 2011

AGRA - ÍNDIA


No meio do caminho entre Jaipur e Agra vistamos a cidade deserta de Fatehpur Sikri, palácio e forte. Arquitetura para deixar qualquer um de boca aberta. Interessante que no pátio onde o imperador Akbar fazia as audiências públicas, ainda há um pedra, marco do local de execução. Se o infeliz fosse julgado culpado e condenado a morte, era executado ali mesmo, sob as patas de um elefante do imperador.

 Em outro complexo está uma mesquita com o túmulo de um homem santo do islamismo, fundador do sufismo??? Achei que o fundador fosse o Rumi, cujo túmulo está em Konia, na Turquia. Pensando bem, Rumi era um poeta. O mais famoso poeta do sufismo.


Descobri depois que o túmulo é do santo sufi Shaikh Salim Chisti, guru do imperador Akbar e a cidade foi construída em honra ao santo homem.



Fatehpur Sikri é uma cidade indiana abandonada com aproximadamente 500 anos, e que permanece em ótimo estado de conservação. [2] Fatehpur Sikri foi construída no século XVI (1570 teve inicio a construção) em estilo indo-islâmico. Apenas catorze anos depois da sua construção ela foi abandonada por falta de água. Em 1568, o Imperador Akbar não tinha herdeiros que o substituíssem e foi à procura de ajuda mística, com Shaikh Salim Chisti, que morava na vila de Sikri. A profecia do santo veio a se confirmar e nasceu o primeiro dos três sucessores do imperador. Assim, Akbar, que era um grande construtor, planejou uma cidade que serviria de apoio à capital do império, Agra, e escolheu que ficasse próxima de Sikri. A cidade foi matematicamente construída, em arenito vermelho e permanece totalmente preservada.
O primeiro nome da cidade foi Fatehabad, depois Fatehpur e finalmente Fatehpur Sikri. Foi a primeira cidade planejada dos imperadores Mughals, com uma mistura das arquiteturas indiana, persa e islâmica. Foi capital do império Mughal no período 1571 a 1585, sendo construída em 15 anos e abandonada 14 anos depois por falta de água. Foi declarada patrimônio Mundial pela UNESCO em 1986. É considerada uma cidade fantasma.

Sobre o imperador Akbar, recomendo o filme indiano Jodhaa  Akbar:

http://www.filmesavi.info/jodhaa-akbar-legendado/
(com legendas) 

Encontrei informações preciosas sobre Fatehpur Sikri nesse site, que recomendo.

http://interata.squarespace.com/jornal-de-viagem/2011/2/16/india-fatehpur-sikri-e-a-era-akbar.html

O cartão de memória onde gravei as fotos deu “tilti”. Tentarei recuperar algumas fotos. Até lá, usarei fotos da cidade colhidas na net.











Neste pilar há uma inscrição alusiva a várias religiões



 O que nos irrita em todos os lugares são os vendedores, mas, fala sério! Que foi aquilo? De onde o Gaurav tirou um guia tão fedido? Deus meu! O homem nunca viu um banho na vida dele. O cara quando entrou no carro empestiou tudo. Abri a janela, mas não resolveu. Quando entramos no ônibus que nos levaria ao palácio, os demais passageiros nem disfarçaram. Tamparam a cara com o que tinham. Irrespirável!

Chegamos a Agra, no Estado de Uttar Pradesh,  por volta das 16 horas. Para minha surpresa, Agra é uma cidade grande. Não sei porque havia feito uma idéia de que era pequena.  Pra variar, trânsito super maluco. Nosso hotel dessa  vez foi o Raj Mahal. Gostamos. Bem arrumadinho, limpo, chique. 



Levantamos cedinho. Gaurav nos apanhou às 6 horas. Teríamos que chegar a entrada do Taj Mahal mais cedo para vermos o sol nascer por lá. Já havia fila. Homens para um lado, mulher pra o outro. Passar pelo detector de metais e seguir em frente.  


TAJ MAHAL

 Chegar naquele pórtico que antecede a passagem para se ter a visão de paralizar qualquer um, é o primeiro objetivo de todo visitante. A única coisa que se ouve são os suspiros. Passado o choque, corre todo mundo para as câmeras. O espaço do melhor ângulo é disputado  até com briga. Um carinha queria, por fina força, tirar-me de onde eu estava, ou seja, bem no centro de se ter o alinhamento da torre da cúpula, com as fontes no meio das piscinas. É ruim, hein?
Todo mundo se acotovelando. 










                                                      

Logo todos se espalham pelo jardim, mas todos se dirigem ao grande e alvo monumento. Fotos, fotos e fotos. Não se cansa de tirar fotos. À medida que nos aproximamos, a excitação cresce. Curiosidade de ver o que tem lá dentro. O sol ainda ameno refletido na cúpula dá um ar de mais etéreo.




Disputamos o banco com os italianos



Fotos só do lado de fora. Expressamente proibido tirar fotos na tumba dos imperadores. Muitos guardas vigiam ferozmente. São tantos apitos que ensurdecem a gente. Mesmo assim ainda há quem burle a vigilância e consiga uma fotinha.

Legal! Uma voltinha ao redor dos túmulos do imperador e imperatriz, observação do trabalho de decoração feito no mármore de Makaran, alvíssimo, trabalho escavado, preenchido com inúmeros pedaços de pedras semi preciosas, madrepérola, abalone e... pronto! Acabou a visita a parte principal do monumento.

Os cenotáfios, as campas vazias. Foto da net




Placas do cenotáfio. Foto da net

 Catei esses vídeos na net. Melhor que nada.
http://www.youtube.com/watch?v=ziVgeMIJdyg&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=XnQFrSqNflE&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=41xjPJo68Ys&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=Wk6gPxODIa8&feature=related





Saída literalmente pela esquerda. Agora sim. Pode-se tirar umas fotinhas com os trabalhos esculpidos no mármore, com filtro de luz. Ou brincar de telefone sem fio nos cantos das paredes. E??? o quêêê? Acabou???!!! Frustrante!













Fale nesse canto, virada para a parede e será ouvida no outro lado da sala.












Kim encantada com o trabalho no mármore

Bom, todo mundo sabe que o Taj Mahal não é um palácio, mas um mausoléu, construído pelo imperador mogul, Shan Jahan, em memória de sua esposa favorita, uma tal de Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio"). Nele estão 500 quilos de ouro (será que ainda estão lá?).  20 mil operários trabalham na obra por 12 anos. 


Assim, o Taj Mahal é também conhecido como a maior prova de amor do mundo, contendo inscrições retiradas do Corão. É incrustado com  pedras semi preciosas, tais como o lápis-lazúli entre outras. A sua cúpula é costurada com fios de ouro. O edifício é flanqueado por duas mesquitas e cercado por quatro minaretes.
Supõe-se que o imperador pretendesse fazer para ele próprio uma réplica do Taj Mahal original na outra margem do rio, em mármore preto, mas acabou deposto antes do início das obras por um de seus filhos – Aurangzeb - e aprisionado em uma ala do Fort Agra, de onde tinha por visão, pelo resto de seus dias,  o Taj Mahal. Após a morte do imperador, em 1666, foi sepultado um túmulo ao lado do túmulo de Muntaz Mahal, sem cuidados com as proporções e fora da harmonia do conjunto.

Detalhe do trabalho feito no mármore – trata-se  da técnica pietre dure – inspirados no jardim do paraíso islâmico, claro,  os desenhos florais são delicadamente marchetados com pedras semi preciosas – cornalina, lápis-lazúli, abalone, madrepérola – dando aparência de porta-jóias.




Dizem, diiiiizem que o imperador mandou cortar as mãos dos operários para que nunca mais fizessem trabalho igual. Se assim for, é um monumento à dor. Mas isso os guias negam veementemente.

E o Gaurav ficou brabo quando me perguntou que eu achei do Taj Mahal. Sinceramente? Não achei lá esses balaios. Não depois de ver o Swaminarayan Akshdharam. Portanto, se você decidir vir a Índia, primeiro veja o Taj Mahal. Depois vá ao Templo dos Templos e me diga.


A tarde ficou por conta da visita ao Fort Agra, construído em arenito vermelho, pelo imperador Akbar entre 1565 e 1673.
Como Gaurav estava ocupadíssimo, acompanhou-nos um amigo dele, como guia. O cara parece um filé de borboleta, mas, sejamos justas - muito, muito inteligente e gemólogo! Como tinha recomendação expressa do Gaurav de tomar conta da tia Kim, o novo guia levou a sério e tia Kim ganhou um babá. Lindinho ver a Kim de mãos dadas com o filézinho de borboleta. hahahahaha Vipul, o nome dele? Confirma ai, Gaurav.
Fort Agra





Kim se arrumou!











O forte é muito bonito e nele há numa parte triste. O construtor do Taj Mahal, aprisionado pelo próprio filho, passou seus últimos dias ali, tendo por única vista o Taj Mahal ao fundo.
Últimos aposentos (prisão) do imperador  Shan Jahan no Fort Agra. 

















Hoje foi oooo dia. Dia de visitar os lugares sagrados de Lord Krishna, em Mathura.

Café da manhã indiano - haja pimenta!


Olhem a cara de satisfação desses dois!

Boteco concorridíssimo!


Na entrada de um vilarejo paramos para encontar com o nosso guia, Pandit  Yogesh, um devoto de Krishna. 
Pandit  Yogesh

Levei um susto ao ver o devoto todo moderninho, com celular e relógio. Pensei que esses devotos fossem desapegados. Fomos direto por um caminho tortuoso até um local onde Pandit nos mostrou uma criação de veados. Ai, sair do Brasil pra ver veados? Tia Kim não resistiu. Pra quem não sabe, veado é um dos animais sagrados do Krishna. Será por isso que ele é representado com um pezinho assim, sei lá... e sempre com uma flautinha... sei não, sei não, esses deuses!





Do outro lado dos veadinhos, uma construção em forma de templo. Todo mundo descalço. Sabem o horror que a Kim tem de colocar os pés no chão? Foi um escândalo.
Meus pézinhos na areia


Éééééé, pezinhos na terra, e lá fomos para trás do templo onde Pandit nos fez sentar no chão, direto na areia. Um número cômico pra ver a Kim sentar não chão e ainda mais na areia. Pandit juuuuuuuura que aquela areia é sagrada. As pessoas vão pra lá para rolarem na areia. Um monte de gente rolando nas areias. Ai, ai, suspiros! Cada doido que me aparece!
Kim não sabia se ria ou chorava
Devotos rolando na areia

Devotos rolando na areia

Espiem só – acreditam que, se rolarem na areia e tomarem da água de lá, vão direto para o céu, depois de uma boa doação para o templo, claro! Concorrentes do Edir Macedo!

  Vários grupos espalhados e alguém de guia explicando a sacralidade do lugar.

Cá pra nós. Não senti nada! Local até limpinho e um grupo de alegres devotos tocavam e cantavam. É, mas eles só tocam e cantam quando gente nova pra visitar o local está chegando. Sei... sabidagem!
E tome sonzão pra Krishna. Entrei no clima e tome Hare  Krishna
Here Krishna, hare hare!

Quem diria! No centro do templo quase improvisado, uma imagem de Krishna e um gordo sacerdote dormia. Eita devoção do cacete!


Fomos a outro templo de Krishna em um vilarejo paupérrimo e fedido.


  
Na verdade, foi até hilário. Nesse templo, cheio de espelhos, decoração super cafona, grupos de devotos escutam a pregação de um sacerdote. Depois saem se arrastando, literalmente arrastando a bunda no chão, para se aproximarem do sanctum, onde o sacerdote promete que, se fizerem uma doação ao templo, terão a benção de Krishna e terão tudo que desejarem na vida. E mais – serão agraciados pela visão do deus ali mesmo.
Acho que já ouvi isso em algum lugar.



Fiquei atenta ao que estava acontecendo. Em determinado momento abriram a cortina e apareceram várias estátuas de Krishna, pai, mãe, todo mundo. E os pobres devotos ali, de olhinhos maravilhados, acreditando em tudo, pois foram criados assim. Para eles, é a visão do próprio céu. Quanta enganação! Até Gaurav, hindu de nascimento, não acredita e já  havia me dado o toque.


Chegou a nossa vez. É. Tudo agendado. Organizado. Hora marcada pra ver o deus e receber sua benção. Fala sério!


 Um sacerdote, de olhos azuis, estranho para um hindu, depois de me dizer mais de mil vezes que ouro não entra no céu, que temos que deixar tudo aqui, como se eu não soubesse disso, mas queria, claro, que meu ouro fosse pra ele, para o templo, gastou todas as palavras dele para me fazer cair numa bela cilada. Eu faria uma oração para eu ter tudo que quisesse na minha vida e, de todo meu coração, declarar o valor de uma doação. Eu teria que fazer uma doação para ter a benção de Krishna. 


Ora, nosso guia havia me dito pra fazer doação de apenas 100,   200 ou 300 rupias, no máximo. O tal sacerdote me perguntou o que eu mais desejava na minha vida. Resposta na ponta da língua – tenho tudo que preciso.

Resumindo, quando eu disse que doaria 200 rúpia o sacerdote não aceitou. A doação mínima era de CEM DÓLARES. CARAAAAAAAAAAAAACA! Vai catar coquinho! Levantamos e fomos embora pelas ruelas mais fedorentas que já encontrei na Índia.


Mais um templo. Dessa vez o grande templo, onde Krishna nasceu. Uma prisão. Vou ver direitinho essa estória do nascimento divino.
Sem fotos! O jeito será pesquisar no Santo Google.

Despejamos Pandit Yogesh lá na encruzilhada onde o pegamos e voltamos para Agra.


Aconteceu uma coisa muito chata. Insistiram muito para irmos a uma loja onde vendem objetos de mármore, com o trabalho encontrado no Taj Mahal. Eu já havia dito que não queria comprar nada. Kim queria umas caixinhas pequenas , tipo porta jóia, para dar de lembranças para as beatas. 


O empregado encarregado de nos atender insistiu em vender peças grandes e caríssimas. Dizia que não tinham peças pequenas como a Kim queria.
Gaurav chegou e ficou conversando comigo. Só depois entendi o esquema. O tal vendedor e seu ajudantes levaram Kim para um canto da sala e a convenceram ficar com quatro estúpidos elefantes de mármore, pesados, e caríssimo - literalmente assaltaram minha tia em 500 dólares!!! Kim não ala inglês e eu estava entertida no lado oposto da sala. Entenderam? Quando a operação foi finalizada e já saímos da loja, sem eu soubesse o real valor da compra, o sacana do vendedor chamou minha tia para mostrar, no fundo da loja, as peças que ela tanto queria.
Somente de volta ao hotel entendi o esquema. Falei com Gaurav sobre a situação, diante de uma Kim chorando cântaros porque a ficha havia caído - ela havia sido enganada na sua boa fé - veio a promessa que falaria com o tal vendedor, que até aquela hora me esperava na loja para ver se me aplicava o golpe. Sabe o que aconteceu? nada! ficou por isso mesmo. Tudo esquema, só pode! E  continou a Kim que aqueles estúpidos elefantes. 
Mais um motivo para eu ficar super velhaca. Decretei que Kim não comprará mais nada sem minha presença. Detesto que me façam de trouxa.


Terminei meu último dia em Agra em grande estilo. Num SPA, para uma massagem – SHIRODARA, com direito a massagem corporal. Um moleque de 20 anos – Nadosh Khan - me amolegou, amassou, esfregou, roçou,  me debulhou, me virou pelo avesso,  e eu lá gemendo...ai, ai...suspiros. 


Ah, de cara, falou pra eu tirar tuuuuuuuuuudo – ainda bem que visitei a Lorena antes de viajar. Já imaginaram, aparecer com uma floresta amazônica nos países baixos? Neeeeem! Então... o moleque me deu uma langerie bem modelo Victoria Secret para elefanta! Kkkkkkkk. Mas valeu cada centavo!

Vou ali arrumar a mala. Amanhã seguiremos para Orccha. Kim não para de chorar. Tadinha.

4 comentários:

  1. Fran,
    Tou morrendo de pena da tia Kim!! Tadinha, ser embromada assim em 500 paus é dureza!!!
    Mas, apesar de trágica, sua narrativa é cômica! Ri um monte! Sorry, tia Kim!
    beijos
    Karla Gê

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  2. Karlinha, o pior é a gente se sentir lesada. Tudo é um grande esquema. Todo mundo leva alguma vantagem quando vc compra até uma agulha. E não adianta dizer que é seu amigo. Mais um motivo pra ficar esperta.
    Veja bem - foram 500 DÓLARES e não 500 reais.
    Acredita que tentaram fazer a mesma coisa com ela dois dias depois, no mesmo esquema? Cheguei na hora e empatei a f...
    Por isso deixei para fazer minhas compras quando estivesse sozinha. Fiz isso no Nepal.

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  3. Fran...você é demais!!! Estou adorando ler os seus relatos, consegui até "sentir o cheiro" da Índia! Continue escrevendo....parabéns!! bjosss Gi

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  4. Eu me divirto! Adorei o 'passeio: Ta Mahal, fortes, tia Kim brincando de bife a milanea, os 'elefantes estupidos' e a massagem.
    Rindo muito!
    Nota mil!

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