quarta-feira, 20 de julho de 2011

Peru




Viajar, conhecer outros lugares, para mim é uma necessidade. Por muitos anos fiquei de olhos compridos para o lado de Machu Picchu, mas não me atrevia com receio de complicações pela altitude.
Venci esse medo em fevereiro quando fui aos Andes, partindo de Santiago/Chile. Decidi que passaria meu aniversário em Machu Picchu.
Malas prontas, viajamos, Iohannah e eu para Cusco. Melhor ainda: tivemos as companhias do Carlão e seus amigos, que fariam a trilha inca.
Já em Lima, tivemos uma amostra que do que nos aguardava. No almoço, pedimos lomo saltado. Veio um prato individual que ser humano algum - normal - poderia dar fim. A comida transbordava! Claro, ficou praticamente toda no prato - de alguns.
Aeroporto de Cusco, a primeira reação à altitude - um cansaço indizível. Respirava pela boca, sentindo-me um peixe fora d’água. Após receber as malas, sair do prédio foi uma novela. Ninguém nos aguardava, apesar de haver contratado o "transfer" do hotel. Enfrentar o batalhão de motoristas que se degladiam à saída foi o pior. Ainda bem que o gerente do hotel dos meninos nos salvou, colocando-nos em um táxi, com preço previamente acertado.10 soles, contra 10 dólares cobrados pelo hotel. Isso porque 1 dólar, ao câmbio do dia, valia 2.73 soles!
O trânsito! Gente, que doideira é o trânsito no Peru. Você espera, a cada segundo, uma batida. Mas chegamos incólumes.
Reservamos um hostal da rede Che Lagarto - o Inka Club Hostel, na Calle Siete Quartones, 284, int 3 escolhido pela localização - próximo à Praça de Armas, onde quase tudo acontece. Quarto amplo, camas de casal confortáveis e banho quente, seria perfeito se não fosse a ladeira que se tinha de subir e mais outro trecho para alcançar o prédio 3 interno. Opinião pessoal em decorrência dos meus problemas cardíacos. Mas foi traquilo....puff...puff...puff
A primeira providência do "staff" do hostel foi me servir chá de coca. Tomei-o com um certo receio. Entretanto, nenhum “barato” foi sentido. Mas haja chá de coca para aliviar soroche, o mal estar que dá em lugares de grandes alturas, e garantir a energia.

A exploração à cidade foi imediata. A cada canto, cada esquina, prédio, pessoas, tudo nos encantava. Um festival de cores, culturas, pessoas do mundo todo se reúne em Cusco. Afinal, é Cusco ou Cuzco? Não importa. Importra que é QOSQO - umbigo (do mundo). Importa que é a 
capital imperial dos Incas. E cá estamos!
Cusco terá um post exclusivo.




 Jantar de véspera de aniversário - Carlão, eu, Iohannah, Ricardo e Guilherme em um restaurante com cara de pub irlandês onde tem uma truta diiiiiiivina! Alguém ai se lembra o nome do restaurante?


OS DEUSES INCAS DEVEM ESTAR LOUCOS

Quando decidi ir ao Peru foi com o intuito de passar meu aniversário em Machu Picchu. Por dois meses tentei comprar as passagens pelo trem Vistadome da Railperu, saindo de Poroy para Águas Calientes. Entrava no site, fazia toda operação, mas não me oferecia a opção de pagamento. Procurei ajuda da amiga Sônia Molinos, dona da Agência de Turismo Upper Class, em São Paulo, que cuida dos meus cruzeiros. Nem assim consegui.
Bom, só me restava tentar pessoalmente quando chegasse a Cusco. Não é que o escritório da RAILPERU estava aberto pleno sábado à noite? Não seria isso um bom sinal? Depois de ficar longo período na fila, alegre porque conseguiria lugares no trem para Águas Calientes no dia 11, ao fechar a operação, embora tenha tentado com dois cartões internacionais, não consegui pagar, nem mesmo usando a compra através da internet. Mensagens de cartão não aceito, senha errada,  atormentavam-me. Tentei comprar através da agência de turismo que atende ao hostel e naaaaaaaaaada. Finalmente consegui, no domingo, fechar com uma agência – Landscape Tours - que fica na Plaza de Armas. Foi uma armadilha. O funcionário, ou dono, sei lá, deu todas as garantias que estaríamos em Machu Picchu no dia 11, com saída as 6.20 da  manhã, chegada a MP às 10 horas, guia, tudo tudo e que não precisava se preocupar. TUDO ARMADILHA! Importante era ele embolsar os 360 dólares em espécie.
Muito fácil depois ligar dentro da noite, na verdade quase meia noite, pra avisar que havia mudado o horário do trem e que só sairíamos às 10 horas, chegaríamos a MP às 14 horas. Ai veio a parte de me convencer a ir primeiro ao Vale Sagrado, com a retórica de que só teria 3 horas em MP. Tempo insuficiente pra ver tudo com calma. Jurou que me colocaria no primeiro trem para MP no dia 12. O nome do santo? Fidel! Esperar o quê de alguém com esse nome?
Impotente, chorei de raiva, de frustração, esmurrei as paredes, xinguei, briguei com os deuses incas – eles só podiam estar loucos por não me permitirem ir a Machu Picchu no meu aniversário! TODOS LOUCOS!
Não adiantou. Tive que me render ao impossível. E lá fomos ao Vale Sagrado.
Primeiro, questão de pontualidade é algo que os cusquenhos desconhecem. Finalmente saímos em um micro ônibus para mudar na saída da cidade para outra lata de sardinha, porque o primeiro estava com problemas técnicos.
Haja subir por caminhos estreitos e o guia, Abel a falar sobre o império inca.
Meu companheiro de banco parecia um peixe – não dizia um piu. Fechado, calado. Já pensou passar o dia ao lado de uma pessoa azeda assim?
Nem me lembro em que situação trocamos um par de palavras. O suficiente para descobrir que ele era de Goiânia. Pronto. Em 5 minutos éramos todos amigos. Ele, Marcelo, engenheiro, e o amigo Danilo, militar, sentado ao lado de Iohannah. Todo mundo de Goiânia. Ô mundinho pequeno!

Conhecendo os companheiros de viagem
Paradinha técnica


Mamãe prepara filhinha para as fotos e soles



A primeira parada foi na entrada do sítio arqueológico de Pisac para compra do boleto turístico que dá direito ao acesso a vários lugares que seriam visitados. 130 soles por pessoa. Vamos fazer valer a pena.

Geeeeeeente, o Abel, o guia, tinha rodinhas nos pés. Ele esquecia que a tia aqui SEX – sagenária, não podia correr ladeira cima, subir aquelas escadas de pedras, caminhos estreitos, feito cabra montanhesa. Fiz o que pude para acompanhar o grupo. Quando chegava ao grupo, Abel já estava terminando de explicar onde estávamos e o que havia representado para o império inca. Frustrante! Em Pisac não consegui chegar ao topo, onde ficava a realeza inca. Não tem nada não.
Enfim, mais uma vez os deuses incas estavam me sacaneando. Mais uma vez eu me rendi aos fatos e comecei a plenejar uma  vingança – voltar ao Peru e ir a todos os lugares, com calma, com um guia pago para ficar à minha disposição, pelo tempo que eu necessitar, para chegar aonde preciso ir! Que me aguardem!


Pelo caminho, nosso guia nos mostrou que  a maioria das casas tinha em cima do telhado, um enfeite. Dois touritos e entre eles uma cruz. São miniaturas de touros, em barro, decorados, que devem ser comprados pela dona da casa para que tragam fertilidade, prosperidade, saúde, vigor para os ocupantes da casa. Não pode o homem comprá-los sob pena de vir a ser “corneado”. A cruz? Aaaah, é um disfarce religioso, para não ficar tão na vista que é um costume inca, um costume pagão, pra enganar a igreja católica! Hahahaha.
OBS- pagão significa “do campo”.
Aliás, falando nisso, vi, dentro da igreja de São Pedro, em Cusco, uma redoma com um Menino Jesus. Mas não era um Menino Jesus qualquer. Esse estava vestido de INCA! Quem tem olhos que veja!

As ruínas de Pisac – Leia Písac.
Situada a 32 quilômetros de Cusco é onde se inicia o Vale Sagrado.
O vale que se descortina é impressionante. O queixo cai. As palavras somem. É o sentir-se um nada, um grãozinho de pó. A nossa insignificância. E o Homem ainda tem coragem de se intitular “moderno”. Uma ova!
Para falar de Pisac  terei que recorrer à bíblia dos guias da região. É! descobri o livro que eles usam para nos dar todas as informações. CUSCO y el Valle Sagrado de los Incas, de Fernando E. Elorrieta Salazar e Edgar Elorrieta Salazar.



A  estrada vital inca serpenteava  o seu caminho até o cânion que entra no Vale do Urubamba em Pisac. A cidadela, na entrada deste desfiladeiro, agora em ruínas,  era  uma rota controlada que ligava o Império Inca com Paucartambo, na fronteira das selvas orientais. Situada acima um vale com campos cultivados em degraus causam inveja a qualquer engenheiro moderno. Esses andares tinham não só o aspecto de desenho geométrico, como também obedeciam a necessidade de caráter prático, estético , simbólico e religioso. Ainda hoje os andinos utilizam esse sistema secular.
As pedras e panoramas  na cidadela de  Pisac  são magníficas. Terraços, aquedutos e as etapas foram cortadas na rocha sólida, e no setor superior das ruínas, há o Templo do Sol como  construção. Os nobres habitavam a parte mais alta do Vale. Entre as fendas e saliências rochosas há os mais diversos cemitérios antigos.
Na entrada da cidadela está a fonte cerimonial.
Em Pisac encontram-se uma formação natural que a tradição  oral denomina de Inkil Chumpi e  o espaço ritualístico do Condor, o mensageiro do Sol (Inti), entre outros.







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